Empobrecimento, heterogeneidade e insurgências: transformações em curso no circuito inferior da economia urbana nas cidades brasileiras

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Marina Montenegro

Resumo

Nos últimos anos, a pobreza e a fome voltaram a aumentar no território brasileiro. Se, em um momento anterior à pandemia da Covid-19, o crescimento da população em situação de pobreza e miséria já se apresentava, atualmente essas tendências se aprofundam no país. Em metrópoles empobrecidas, redefinem-se, hoje, contornos e extensões do circuito inferior da economia urbana, assim como suas relações com um circuito superior hegemônico global, concretizadas no cotidiano de grande parte dos trabalhadores urbanos. Condição para participação na divisão social e territorial do trabalho contemporânea, a necessidade de adaptação e enquadramento às modernizações recentes se impõe crescentemente ao circuito inferior, o qual se encontra, ao mesmo passo, cada vez mais empobrecido. No bojo desse processo, contra-racionalidades podem emergir do agravamento das contradições características da pobreza estrutural, corporificadas nas estratégias cotidianas de sobrevivência entre a população pobre nas cidades brasileiras.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Montenegro, M. (2022). Empobrecimento, heterogeneidade e insurgências: transformações em curso no circuito inferior da economia urbana nas cidades brasileiras. Ikara. Revista De Geografías Iberoamericanas, (2). https://doi.org/10.18239/Ikara.3154
Secção
Artigos
Biografia Autor

Marina Montenegro, Universidade de São Paulo

Possui graduação - Bacharelado e Licenciatura - em Geografia pela Universidade de São Paulo (2002), Mestrado em Geografia pela Université Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (2005), Mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (2006), Doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (2012) e Pós-Doutorado pela Universidade de São Paulo (2017). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: território usado, espaço geográfico, economia urbana, pobreza e financeirização

Referências

Antunes, R. (2020). Coronavírus: O trabalho sob fogo cruzado. Editora Boitempo.

Abílio, L., Almeida, P., Amorim, H., Cardoso, A., Fonseca, V., Kalil, R., & Machado, S. (2020). Condições de trabalho de entregadores via plataforma digital durante a Covid-19. Revista Jurídica Trabalho e Desenvolvimento Humano, 3. https://doi.org/10.33239/rjtdh.v.74

Barbosa, R., & Prates, I. (2020). Efeitos do desemprego, do Auxílio Emergencial e do Programa Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (MP No 936/2020) sobre a renda, a pobreza e a desigualdade durante e depois da pandemia. Boletim Mercado de Trabalho - Conjuntura e Análise, (69). https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=36187

Bonduki, N. (2022, 13 de febrero). Dark kitchens, que vieram para ficar, são boas para as cidades? Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nabil-bonduki/2022/02/dark-kitchens-que-vieram-para-ficar-sao-boas-para-as-cidades.shtml

Catala, L.S., & Carmo, R.L. (2021). O conceito de aglomerado subnormal do IBGE e a precariedade dos serviços básicos de infraestrutura urbana. Revista Brasileira de estudos de População, 38. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0154

Cortina, A. (2017). Aporofobia, el rechazo al pobre. Editorial Paidós.

Dartot, P., & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: Ensaio sobre o neoliberalismo. Editora Boitempo.

Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (2022, 30 de julio). Salário mínimo nominal e necessário. https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html

Fundação Getúlio Vargas (2020, 20 de enero). A Escalada da Desigualdade. https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/pdf

Friedmann, J. (1998). Planning theory revisited. European Planning Studies, 6(3), 245-253. https://doi.org/10.1080/09654319808720459

Góes, G., Firmini, A., & Martins, F. (2021). A Gig economy no Brasil: uma abordagem inicial para o setor de transporte. Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA). Carta de Conjuntura, (53), Nota de Conjuntura 5. https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2021/10/a-gig-economy-no-brasil-uma-abordagem-inicial-para-o-setor-de-transporte

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2020, 20 de enero). Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018). https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/24786-pesquisa-de-orcamentos-familiares

Langley, P., & Leyshon, A. (2016). Platform capitalism: the intermediation and capitalization of digital economic circulation. Finance and Society. http://financeandsociety.ed.ac.uk/ojs-images/financeandsociety/FS_EarlyView_LangleyLeyshon.pdf

Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made-USP). (2021, 15 de julio). Notas de Política Econômica. https://madeusp.com.br/

Martin, R.L. (2011). The local geographies of the financial crisis: from the housing bubble to economic recession and beyond, Journal of Economic Geography, (11), 587-618. https://doi.org/10.1093/jeg/lbq024

McGee, T. (1971). The Urbanization Process in the Third World: Explorations in Search of a Theory. G. Bell & Sons Ltd.

Miraftab, F. (2009). Insurgent planning: Situating Radical Planning in the Global South. Planning Theory, 8(1), 32-50. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1473095208099297

Missen, G.I., & Logan, M.I. (1977). National and Local Distribution Systems and Regional Market: the case of Kelantan in West Malaysia. Antipode, 9(3), pp. 60-74.

Montenegro, M. (2014). Globalização, trabalho e pobreza no Brasil nas metrópoles brasileiras. Editora Annablume.

Montenegro, M. (2020). Do capitalismo de plataforma à difusão dos aplicativos: apontamentos sobre novos nexos entre os circuitos da economia urbana em tempos de Covid-19. Espaço e Economia, IX(19). https://doi.org/10.4000/espacoeconomia.17256

Montenegro, M., & Contel, F. (2017). Financeirização do território e novos nexos entre pobreza e consumo na metrópole de São Paulo. Revista EURE, 43(130), 115-139. http://dx.doi.org/10.4067/s0250-71612017000300115

Neri, M. (2011). A nova classe média. O lado brilhante da base da pirâmide. Editora Saraiva.

Oliveira, E. (2009). Divisão do trabalho e circuitos da economia urbana em Londrina (Doctoral Dissertation, Universidade de São Paulo, Brazil). https://doi.org/10.11606/T.8.2010.tde-22032010-123528

Portal do Comércio (2022, 15 de julio). Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) – julho de 2022. https://www.portaldocomercio.org.br/publicacoes/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-julho-de-2022/434855

Pochmann, M. (2012). Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira. Editora Boitempo.

Prefeitura do Município de São Paulo (2022, 12 de agosto). Censo da População em Situação de Rua. https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP

Rede Penssan. (2022). II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil. Fundação Friedrich Ebert. https://pesquisassan.net.br/2o-inquerito-nacional-sobre-inseguranca-alimentar-no-contexto-da-pandemia-da-covid-19-no-brasil/

Ribeiro, A.C.T. (2002). O ensino do planejamento urbano e regional – propostas à ANPUR. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 4(1/2). https://doi.org/10.22296/2317-1529.2002v4n1-2p63

Rocha, S. (2013). Série de dados e tabulações. Linhas de pobreza e de indigência. Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

Santos, M. (1975). L’espace partagé. Les deux circuits de l’économie urbaine des pays sous-développés. M.-Th. Génin, Librairies Techniques.

Santos, M. (1978). O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. Editora Francisco Alves.

Santos, M. (1979). Pobreza urbana. Editora Hucitec.

Santos, M. (1996). A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. Editora Hucitec.

Santos, M. (2000). Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal. Editora Record.

Salata, A. R. & Ribeiro, M. G. (2021). Boletim Desigualdade nas Metrópoles. Porto Alegre/RS, n. 04. https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/wpcontent/uploads/2020/10/BOLETIM_DESIGUALDADE-NAS-METROPOLESl_01v02.pdf

Silveira, M.L. (2004). Globalización y circuitos de la economía urbana en ciudades brasileñas. Cuaderno del CENDES, Caracas, 21(57), 1-21. http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1012-25082004000300002

Silveira, M.L. (2007). Metrópolis brasileñas: un análisis de los circuitos de la economía urbana. Revista Eure, 33(100), 149-164. http://dx.doi.org/10.4067/S0250-71612007000300009

Silveira, M.L. (2013). Da pobreza estrutural à resistência: pensando os circuitos da economia urbana. Ciência Geográfica, XVII(1), 64-71. https://www.agbbauru.org.br/publicacoes/revista/anoXVII_1/agb_xvii1_versao_internet/agb_05_jandez2013.pdf

Silveira, M. L. (2015). Modernização contemporânea e nova constituição dos circuitos da economia urbana. GEOUSP: espaço e tempo, 19(2), 245-261. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2015.102778

Sousa Santos, B. (2007). Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. Editora Boitempo.

Srniceck, N. (2017). Platform capitalism. Cambridge Polity.

Telles, V. da S., & Hirata, D. veloso. (2007). Cidade e práticas urbanas: nas fronteiras incertas entre o ilegal, o informal e o ilícito. Estudos Avançados, 21(61), 173-191. https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10274

Tozi, F. (2020). From cloud to national territory: a periodization of ridesharing platforms in Brazil. GEOUSP: espaço e tempo, 24, 487-507. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892. geousp.2020.168573

Vahdat, V.S., Borsari, P.R., Lemos, P.R., Ribeiro, F.F., Benatti, G.S., Cavalcante P. G.F., & Faria, B.G. (2022). Retrato do Trabalho Informal no Brasil: desafios e caminhos de solução. https://retratodotrabalhoinformal.com.br

Zaluar, A. (2000). A máquina e a Revolta. Editora Brasiliense.